8 Modelos de Comunicação: o que são e como funcionam

Todos os dias nos comunicamos uns com os outros. Todos nós sabemos como fazer isso, certo? 

Na verdade, nem sempre. 

Para compreender as formas como nos comunicamos, os teóricos da comunicação desenvolveram modelos que ilustram como a comunicação ocorre.

De certa forma, como disse o teórico da comunicação americano Harold D. Lasswell a tarefa dos teóricos é responder à pergunta “Quem diz o que, a quem e com que efeito?”

Portanto, neste guia, iremos:

  • Apresentá-lo aos modelos de comunicação mais frequentemente encontrados na literatura, 
  • Explicar como esses modelos ajudam na comunicação no local de trabalho, e 
  • Aprofundar nos principais modelos de comunicação e explicá-los detalhadamente.

Vamos começar!

8 Communication Models - Understanding What They Are and How They Work - cover

O que são modelos de comunicação?

De acordo com o livro Mass Communication Theory, de Denis McQuail, “um modelo é uma representação seletiva, em forma verbal ou diagramática, de algum aspecto do processo dinâmico da comunicação de massa.”  

Em outras palavras os modelos de comunicação nos fornecem uma representação visual dos diferentes aspectos de uma situação de comunicação.

Como a comunicação é um processo complexo, muitas vezes é difícil determinar onde uma conversa começa e termina. 

É aí que entram os modelos de comunicação – para simplificar o processo de compreensão da comunicação.

Alguns modelos são mais detalhados que outros, mas mesmo os mais elaborados não conseguem representar perfeitamente o que se passa num encontro de comunicação. 

Como os modelos de comunicação podem ajudar a comunicação no trabalho?

Como a comunicação é essencial em qualquer organização, temos que nos esforçar para compreender como ela funciona. 

Compreender os modelos de comunicação pode nos ajudar a:

  • Pensar mais deliberadamente em nossas situações de comunicação
  • Aprender com as nossas experiências anteriores
  • Preparar-se melhor para situações de comunicação futuras

Você se lembra da última vez que teve um desentendimento com um colega? 

O mal-entendido no trabalho foi causado por um tom mal interpretado de uma mensagem? 

Ou talvez o e-mail que você enviou ao seu colega de trabalho tenha ido parar na pasta de spam e ele nem o recebeu? 

Seja qual for o mal-entendido, temos de aceitar o fato de que alguns encontros de comunicação são bem-sucedidos, outros nem tanto.

Por isso temos tantos modelos de comunicação atuais que podemos utilizar para planejar situações de comunicação bem-sucedidas

Agora que vimos o que são os modelos de comunicação e porque são importantes no local de trabalho, é hora de examinarmos mais de perto os 8 modelos de comunicação.

Os 8 principais modelos de comunicação

Os 8 principais modelos de comunicação Existem 8 modelos principais de comunicação, que podem ser divididos em 3 categorias:

  1. Modelos lineares — Consideram apenas a comunicação unilateral. Os modelos de comunicação lineares mais proeminentes são:
    1. Modelo de comunicação de Aristóteles, 
    2. Modelo de comunicação de Lasswell,
    3. O modelo de comunicação Shannon e Weaver, e
    4. Modelo de comunicação S-M-C-R de Berlo.
  2. Modelos interativos — Analisam a comunicação bidirecional. Estes são os seguintes:
    1. O modelo de comunicação Osgood-Schramm, e
    2. O modelo de comunicação de Westley e Maclean.
  3. Modelos transacionais — Ilustram a comunicação bidirecional em que a mensagem se torna mais complexa à medida que o evento de comunicação avança. Esses incluem::
    1. O modelo de comunicação transacional de Barnlund e
    2. O modelo de comunicação helicoidal da dança.

Nos parágrafos seguintes analisaremos detalhadamente cada um deles, começando pelos modelos lineares. 

Modelos lineares de comunicação 

O modelo de comunicação linear é simples e utilizado principalmente em marketing, vendas e relações públicas, na comunicação com os clientes.

O que é um modelo linear de comunicação?  

Os modelos de comunicação linear sugerem que a comunicação ocorre apenas em uma direção

Os principais elementos desses modelos são:

  • O canal
  • O remetente, e 
  • O receptor

Alguns modelos lineares de comunicação também mencionam o ruído como um dos fatores que desempenham um papel no processo de comunicação. O ruído atua como o elemento adicionado (de fundo) que geralmente desvia a atenção da mensagem original. 

Mas falaremos mais sobre o papel do ruído no processo de comunicação mais adiante. Por enquanto, vamos começar com os elementos básicos. 

Conforme ilustração no diagrama abaixo, este modelo é bastante simples. 

Diagrama do modelo de comunicação linear
Diagrama do modelo de comunicação linear

Simplificando, o remetente transmite a mensagem através de um canal. 

O canal, como meio, transforma a mensagem em fala, escrita ou animação. 

A mensagem finalmente chega ao receptor, que a decodifica. 

Já mencionamos os 3 modelos lineares de comunicação mais proeminentes, e agora é hora de analisar cada um deles com mais detalhes.

1. O modelo de comunicação de Aristóteles

O modelo de comunicação mais antigo que data 300 a.C., foi concebido para examinar como se tornar um comunicador melhor e mais persuasivo

Qual é o modelo de comunicação de Aristóteles? 

Ele se centra principalmente no remetente (orador, professor, etc.), que transmite a sua mensagem ao destinatário (o público).

O remetente também é o único membro ativo neste modelo, enquanto o público é passivo. Isso torna o modelo de comunicação de Aristóteles uma maneira infalível de se destacar quando falamos em público, seminários e palestras. 

Quais são os principais elementos do modelo de comunicação de Aristóteles? 

Aristóteles identificou três elementos que melhoram a comunicação neste modelo:

  1. Ethos — Define a credibilidade do palestrante. O palestrante ganha credibilidade, autoridade e poder por ser um especialista na área de sua escolha.
  2. Pathos — Conecta o palestrante ao público por meio de diferentes emoções (raiva, tristeza, felicidade, etc.)
  3. Logos — Significa lógica. Ou seja, não basta que o discurso seja interessante – é preciso seguir as regras da lógica.

Aristóteles também sugeriu que observássemos 5 componentes de uma situação de comunicação para analisar a melhor maneira de comunicar: 

  • Palestrante, 
  • Discurso, 
  • Ocasião, 
  • Público-alvo, e 
  • Efeito. 
Diagrama do modelo de comunicação de Aristóteles
Diagrama do modelo de comunicação de Aristóteles

Exemplo de modelo de comunicação de Aristóteles 

Imagine isto: 

A professora Hustvedt está dando uma palestra sobre distúrbios neurológicos para seus alunos. 

Ela faz seu discurso de forma persuasiva, de uma maneira que deixa seus alunos hipnotizados. 

A professora está no centro das atenções, enquanto seu público – seus alunos – são apenas ouvintes passivos. No entanto, a sua mensagem influencia-os e faz com que ajam de acordo. 

Então, nessa situação, a professora Hustvedt é s a palestrante, e sua palestra sobre transtornos é o ato de discurso

A ocasião em questão é uma palestra universitária, sendo os estudantes o seu público-alvo

O efeito de sua fala é que os alunos adquiram conhecimento sobre o assunto.

Uma das principais desvantagens deste modelo é que ele não presta atenção às reações da comunicação porque o público é passivo.

2. Modelo de comunicação de Lasswell  

Agora vamos falar sobre o modelo de comunicação em massa de Lasswell. 

Qual é o modelo de comunicação de Lasswell? 

O modelo de comunicação de Lasswell considera a comunicação como a transmissão de uma mensagem cujo resultado é o efeito. 

O efeito neste caso é a mudança mensurável e óbvia no receptor da mensagem causada pelos elementos da comunicação. 

Se algum dos elementos mudar, o efeito também muda. 

Quais são os principais elementos do modelo de comunicação de Lasswell? 

O modelo de Lasswell visa responder às 5 questões a seguir sobre seus elementos: 

  1. Quem criou a mensagem? 
  2. O que eles disseram?
  3. Qual canal eles usaram (TV, rádio, blog)?
  4. Para quem eles disseram isso?
  5. Que efeito isso teve no receptor?

As respostas a estas perguntas nos oferecem os principais componentes deste modelo:

  • Comunicador,
  • Mensagem,
  • Canal,
  • Público/Receptor, e
  • Efeito.  

No diagrama do modelo de comunicação de Lasswell abaixo, podemos compreender melhor como esses componentes principais são organizados.

Lasswell's communication model diagram
Diagrama do modelo de comunicação de Lasswell

Exemplo do modelo de comunicação de Lasswell

Digamos que você esteja assistindo a um canal de televendas na TV e apareça um vendedor de malas, o Sr. Santos. 

Ele está promovendo sua marca de malas como a melhor. Ciente de que milhões de telespectadores estão assistindo à sua apresentação, o Sr. Santos está determinado a deixar uma impressão. 

Ao fazer isso, ele está conquistando o reconhecimento da marca, promovendo seu produto como o melhor do mercado e consequentemente, aumentando o faturamento das vendas. 

Portanto, neste caso, o Sr. Sanders é o comunicador

A mensagem que ele transmite é a promoção da sua marca de malas como a melhor. 

O canal que ele usa é a televisão.

Seu público consiste em telespectadores noturnos no Brasil.

O efeito que ele consegue ao fazer isso é aumentar o reconhecimento da marca e aumentar a receita de vendas. 

3. O modelo de comunicação de Shannon e Weaver 

Talvez o modelo de comunicação mais popular seja o modelo de Shannon e Weaver. 

Curiosamente, Shannon e Weaver eram matemáticos, que desenvolveram o seu trabalho durante a Segunda Guerra Mundial nos “Bell Telephone Laboratories”. O objetivo deles era descobrir quais canais são mais eficazes para a comunicação. 

Assim, embora estivessem fazendo uma investigação como parte dos seus esforços de engenharia, alegaram que a sua teoria também é aplicável à comunicação humana. 

E eles estavam certos. 

Qual é o modelo de comunicação de Shannon e Weaver? 

O modelo de comunicação Shannon e Weaver, portanto, é um conceito matemático de comunicação que propõe que a comunicação é um processo linear e unidirecional que pode ser dividido em 5 conceitos-chave. 

Quais são os principais elementos do modelo de comunicação de Shannon e Weaver? 

Como mostra o diagrama abaixo, os principais componentes deste modelo são:

  • Interlocutor,
  • Codificador,
  • Canal,
  • Decodificador, e
  • Receptor. 
O diagrama do modelo de comunicação Shannon e Weaver
O diagrama do modelo de comunicação Shannon e Weaver

Shannon e Weaver também foram os primeiros a introduzir o papel do ruído no processo de comunicação. Em seu livro Introduction to Communication Studies, John Fiske define o ruído como: 

“Algo que é acrescentado ao sinal, entre a sua transmissão e a sua recepção, e que não é pretendido pela fonte.”  

O ruído aparece na forma de audição incorreta, ouvir mal de uma conversa, erro ortográfico em um e-mail ou estática em uma transmissão de rádio.  

Exemplo do modelo de comunicação de Shannon e Weaver

Paula, vice-presidente de marketing de uma empresa multinacional, está informando Júlio sobre as novas estratégias de marketing que serão apresentadas no próximo mês. 

Ela quer um estudo detalhado da atividade do concorrente até o final da semana. 

Infelizmente, enquanto ela falava, seu assistente Pedro a interrompeu e ela se esqueceu de dizer a Júlio sobre o assunto mais importante. 

No final da semana de trabalho, Júlio terminou o relatório, mas houve alguns erros, que tiveram que ser corrigidos posteriormente. 

Vamos analisar brevemente este exemplo.

Paula é a interlocutora, sua boca é o codificador. 

A reunião que ela realizou foi o canal

Os ouvidos e o cérebro de Júlio eram decodificadores, e Júlio era, o receptor

Você consegue adivinhar o papel de Pedro? 

Sim, ele era o ruído.

O problema nesse processo foi a falta de “feedback”. Se Júlio tivesse pedido esclarecimentos a Paula depois que Pedro a interrompeu, todo o processo de comunicação teria sido mais eficaz e não teria havido erros. 

Versão atualizada do modelo de comunicação Shannon e Weaver 

Como a versão original não o incluía o princípio do feedback foi adicionado à versão atualizada, para que o modelo fornecesse uma representação mais verdadeira da interação humana. 

O conceito de feedback derivou dos estudos de Norbert Wiener, o chamado pai da cibernética. 

Simplificando, o feedback é a transferência da reação do receptor de volta ao interlocutor

Permite ao palestrante modificar sua atuação de acordo com a reação do público. 

Talvez a função mais importante do feedback seja o fato de ajudar o receptor a se sentir envolvido no processo de comunicação. 

Isso torna o ouvinte mais receptivo à mensagem porque sente que sua opinião está sendo levada em consideração.

🎓 Dica profissional do Pumble 

Além de ser um elemento importante neste modelo de comunicação, o “feedback” é também parte integrante da comunicação eficaz no local de trabalho. Para saber mais por que é essencial e como praticá-lo no local de trabalho, dê uma olhada em nossos textos:

4. Modelo de comunicação S-M-C-R de Berlo 

O modelo de comunicação de Berlo foi definido pela primeira vez por David Berlo em seu livro de 1960 The Process of Communication

Este modelo de comunicação é único pois fornece um relato detalhado dos elementos-chave de cada etapa.

Qual é o modelo de comunicação S-M-C-R de Berlo?

Simplificando, o modelo de comunicação S-M-C-R de Berlo é um modelo linear de comunicação que sugere que a comunicação é a transferência de informações entre 4 etapas básicas ou elementos-chave.  

Quais são os principais elementos do modelo de comunicação S-M-C-R de Berlo? 

Conforme o diagrama abaixo, essas etapas são as seguintes:

  1. Fonte
  2. Mensagem,
  3. Canal, e
  4. Receptor.
Diagrama do modelo de comunicação S-M-C-R de Berlo
Diagrama do modelo de comunicação S-M-C-R de Berlo

Vamos considerar os principais elementos que afetam a forma como a mensagem é comunicada, começando com a fonte. 

Passo #1: A fonte

A fonte A fonte ou o remetente coloca cuidadosamente seus pensamentos em palavras e transfere a mensagem ao receptor. 

Então, como o remetente transfere as informações para o destinatário de acordo com o modelo de comunicação S-M-C-R de Berlo?

Com a ajuda de:

  • Habilidades de comunicação—  Primeiro, a fonte precisa de boas habilidades de comunicação para garantir que a comunicação seja eficaz. O orador deve saber quando fazer uma pausa, o que repetir, como pronunciar uma palavra, etc.
  • Atitude —  Em segundo lugar, a fonte precisa da atitude certa. Sem isso, mesmo um grande orador não emergiria como vencedor. A fonte deve causar uma impressão duradoura nos receptores. 
  • Conhecimento — Aqui, conhecimento não se refere a qualificações educacionais, mas sim à clareza da informação que a fonte pretende transmitir ao receptor.  
  • Sistema social — A fonte deve estar familiarizada com o sistema social em que ocorre o processo de comunicação. Isso ajudaria a fonte a não ofender ninguém. 
  • Cultura — Por último, mas não menos importante, a cultura. Para alcançar uma comunicação eficaz, a fonte deve estar familiarizada com a cultura em que ocorre o encontro comunicativo. Isto é especialmente importante para a comunicação intercultural

🎓 Dica profissional do Pumble

Para saber mais sobre como melhorar a comunicação intercultural e adaptar-se à força de trabalho global, aprenda tudo sobre inteligência cultural e como melhorá-la em nosso blog: 

Passo #2: A mensagem

O orador cria a mensagem quando transforma seus pensamentos em palavras. 

Aqui estão os principais fatores da mensagem:

  • Conteúdo — Simplificando, este é o roteiro da conversa. 
  • Elementos — A fala por si só não é suficiente para que a mensagem seja totalmente compreendida. É por isso que outros elementos devem ser levados em consideração: gestos, linguagem corporal, expressões faciais, etc. 
  • Tratamento — A forma como a fonte trata a mensagem. Eles devem estar cientes da importância da mensagem para que possam transmiti-la de maneira adequada.
  • Estrutura — A fonte deve estruturar adequadamente a mensagem para garantir que o receptor a compreenda corretamente. 
  • Código — Todos os elementos, verbais e não-verbais, devem ser precisos se você não quiser que sua mensagem seja distorcida e mal interpretada.

Passo #3: O canal

Para ir da fonte ao receptor, a mensagem passa pelo canal.

O modelo de comunicação S-M-C-R de Berlo identifica que todos os nossos sentidos humanos são os canais que nos ajudam a comunicar uns com os outros. 

Nosso sentido de audição nos permite saber que alguém está falando conosco. 

Com o paladar , reunimos informações sobre o sabor picante de um molho que comemos.

A visão nos permite decifrar os sinais de trânsito enquanto dirigimos.

Decidimos se gostamos ou não de um determinado perfume cheirando-o

Ao tocar a água sentimos se está fria para nadar.

Passo #4: O receptor

Um receptor é uma pessoa com quem a fonte está falando – o destino da mensagem transmitida.

Para compreender a mensagem, o receptor deve envolver os mesmos elementos da fonte. Devem ter capacidades de comunicação, atitudes e conhecimentos semelhantes e estar familiarizados com o sistema social e a cultura em que comunicam.

Exemplo de modelo de comunicação S-M-C-R de Berlo  

Assistir às notícias na televisão é o exemplo perfeito do modelo de comunicação S-M-C-R de Berlo.

Nesse caso, o apresentador do noticiário é a fonte da notícia e transmite a mensagem ao público. 

A notícia é a mensagem, a televisão é o canal e o público é o receptor da mensagem. 

Agora que nos familiarizamos com os modelos lineares de comunicação, é hora de passarmos para algo um pouco mais complexo e dinâmico – modelos interativos de comunicação.

Modelos de comunicação interativa 

Modelos de interação são usados na comunicação mediada e baseada na Internet, como conversas telefônicas, mensagens, etc. 

O que é um modelo interativo de comunicação?

Por serem modelos mais dinâmicos, os modelos de comunicação interativa referem-se à comunicação bidirecional com feedback.

Contudo, o feedback nos modelos de comunicação interativa não é simultâneo, mas sim lento e indireto.

Quais são os principais elementos dos modelos de comunicação interativa?  

Os principais elementos destes modelos, ilustrados no diagrama incluem o seguinte:

  • Interlocutor,
  • Mensagem,
  • Receptor,
  • Feedback, e 
  • Campo de experiência.
Diagrama do modelo de comunicação interativa
Diagrama do modelo de comunicação interativa

Você provavelmente notou um elemento novo e nunca antes visto — o campo da experiência

O campo da experiência representa a cultura, as experiências passadas e a história pessoal de cada um. 

Todos esses fatores influenciam a forma como o remetente constrói uma mensagem, bem como a forma como o destinatário a interpreta. Cada um de nós traz um campo único de experiência para situações de comunicação.

Já mencionamos os modelos interativos de comunicação mais notáveis. 

Agora é hora de considerá-los com mais detalhes.

5. O modelo de comunicação de Osgood-Schramm

No seu livro Communication Models for the Study of Mass Communications, Denis Mcquail e Sven Windahl dizem que o surgimento deste modelo “significou uma ruptura clara com a imagem tradicional linear/unidirecional da comunicação.” 

Qual é o modelo de comunicação de Osgood-Schramm? 

É um modelo circular de comunicação, no qual as mensagens seguem em duas direções entre codificação e decodificação. 

Como tal, este modelo é útil para descrever a, comunicação interpessoal, síncrona, mas menos adequada para casos com pouco ou nenhum feedback.

Curiosamente, no modelo de comunicação de Osgood-Schramm, não há diferença entre um remetente e um destinatário. Ambas as partes estão codificando e decodificando igualmente as mensagens. O intérprete é a pessoa que tenta compreender a mensagem naquele momento. 

Além disso, o modelo de comunicação Osgood-Schramm mostra que a informação não tem utilidade até que seja colocada em palavras e transmitida a outras pessoas. 

Quais são os principais princípios e etapas do processo de comunicação de acordo com este modelo? 

O modelo de comunicação Osgood-Schramm propõe 4 princípios básicos de comunicação: 

  1. A comunicação é circular — Os indivíduos envolvidos no processo de comunicação estão a mudar os seus papéis como codificadores e descodificadores.
  2. A comunicação é igual e recíproca — Ambas as partes estão igualmente envolvidas como codificadores e decodificadores.
  3. A mensagem requer interpretação — A informação precisa ser interpretada adequadamente para ser compreendida.
  4. Conforme mostrado no diagrama do modelo de comunicação Osgood-Schramm abaixo, este modelo propõe 3 etapas no processo de comunicação: 
  • Codificação,
  • Decodificação, e 
  • Interpretação
O diagrama do modelo de comunicação Osgood-Schramm
O diagrama do modelo de comunicação Osgood-Schramm

Exemplo do modelo de comunicação Osgood-Schramm

Imagine que você não tenha notícias do seu amigo de faculdade há 15 anos. De repente, eles ligam para você e vocês começam a se atualizar sobre o que aconteceu durante o tempo que não se viram. 

Neste exemplo, você e seu amigo estão codificando e decodificando mensagens igualmente e sua comunicação é síncrona. Vocês dois estão interpretando as mensagens um do outro. 

Em Information Theory and Mass Communication, Schramm diz: 

É enganoso pensar que o processo de comunicação começa em algum lugar e termina em algum lugar. É realmente interminável. Somos, na verdade, centrais telefônicas que administram e redirecionam a grande corrente interminável de informações..”

6. O modelo de comunicação de Westley e Maclean  

O próximo modelo de comunicação interativa em nossa lista é o modelo de comunicação de Westley e Maclean. 

Este modelo de comunicação é usado principalmente para explicar a comunicação de massa.

Qual é o modelo de comunicação de Westley e Maclean? 

Este modelo sugere que o processo de comunicação não começa com a fonte/remetente, mas sim com .fatores ambientais..

Este modelo também leva em consideração o objeto de orientação (origem, cultura e crenças) do remetente e do destinatário das mensagens. 

O próprio processo de comunicação, de acordo com este modelo de comunicação, começa com fatores ambientais que influenciam o falante – a cultura ou sociedade em que o falante vive, se o falante está num espaço público ou privado, etc.  

Além disso, o papel do feedback também é significativo.

Quais são os principais elementos do modelo de comunicação de Westley e Maclean? 

Este modelo consiste em 9 componentes cruciais: 

  1. Meio Ambiente (X)
  2. Experiência sensorial (X¹),
  3. Fonte/Remetente (A),
  4. O objeto da orientação da fonte (X²),
  5. Receptor (B),
  6. O objeto da orientação do receptor (X³),
  7. Feedback (F),
  8. Porteiros (ou Guardiões?) (C)
  9. Líderes de opinião.

O diagrama do modelo de comunicação de Westley e Maclean abaixo mostra como esses componentes são organizados no processo de comunicação. 

O diagrama do modelo de comunicação Westley e Maclean
O diagrama do modelo de comunicação Westley e Maclean

Exemplo do modelo de comunicação Westley e Maclean

Imagine que, a caminho do escritório, você presencie um acidente na estrada. 

Esse é o tipo de estímulo que o incentivaria a ligar para seus amigos e contar o que viu, ou ligar para seu chefe para dizer que vai se atrasar um pouco. 

Portanto, o processo de comunicação neste exemplo não começa com você, mas com o acidente de automóvel que você testemunhou. 

O reconhecimento dos factores ambientais na comunicação permite-nos, portanto, prestar atenção aos contextos sociais e culturais que influenciam os nossos atos de comunicação.

Agora que vimos quais são os elementos de comunicação neste modelo, vamos examiná-los com mais detalhes.

Os 9 Elementos-chave de comunicação no modelo de comunicação de Westley e Maclean

Conforme mencionado acima, este modelo mostra que o processo de comunicação não parte do remetente da mensagem, mas sim do ambiente. 

Então, começaremos com este elemento.

Elemento nº 1: Ambiente (X)

De acordo com o Modelo Westley e Maclean, o processo de comunicação começa quando um estímulo do ambiente motiva uma pessoa a criar e enviar uma mensagem. 

Elemento nº 2: Experiência sensorial (X¹)

Quando o remetente da mensagem experimenta algo no seu ambiente que o estimula a enviar a mensagem, então essa experiência sensorial torna-se um elemento de comunicação.

No exemplo acima, a experiência sensorial seria presenciar um acidente na estrada. 

Elemento nº 3: Fonte/Remetente (A)

Só agora o remetente entra em ação.

No exemplo mencionado acima, você é o remetente e também o participante da situação de comunicação interpessoal

No entanto, um remetente também pode ser um apresentador de notícias que envia uma mensagem a milhões de telespectadores. Nesse caso, estamos falando de comunicação de massa

Elemento #4: O objeto da orientação da fonte (X²)

O próximo elemento de comunicação neste modelo é o objeto de orientação da fonte. 

Ou seja, o objeto da orientação da fonte são as crenças ou experiências do remetente

Se tomarmos como exemplo o acidente de trânsito mencionado anteriormente, você (A) está preocupado (X²) com a possibilidade de se atrasar para o trabalho por causa do acidente (X¹), e por isso está ligando para seu chefe (B ). 

Elemento #5: Receptor (B)

O destinatário é a pessoa que recebe a mensagem do remetente. 

Na comunicação de massa, o receptor é uma pessoa que assiste TV, lê jornal, etc.

Quando se fala em comunicação interpessoal, o receptor é a pessoa que ouve a mensagem

No exemplo de um acidente rodoviário mencionado acima, os destinatários da mensagem são seus amigos e seu chefe. 

Elemento #6: O objeto da orientação do receptor (X³)

O objeto de orientação do receptor são as crenças ou experiências do receptor, que influenciam a forma como a mensagem é recebida. 

Por exemplo, seu amigo (B) que assiste ao noticiário fica preocupado com sua segurança (X³) após receber a mensagem. 

Elemento #7: Feedback (F)

O feedback é crucial para este modelo porque o torna circular, em vez de linear. 

Na verdade, o feedback influencia a forma como as mensagens são enviadas

Isso significa que um receptor e um porteiro estão enviando mensagens de volta ao remetente. 

Depois de receber o feedback, o remetente modifica a mensagem e a envia de volta. 

Voltemos ao nosso exemplo (sobre o acidente de trânsito). 

Então, você presenciou o acidente e sentiu vontade de ligar para seu melhor amigo.

Você: “Houve um acidente terrível no centro da cidade!”

Seu amigo: “Meu Deus! Você está machucado?"

Você: “Não, não, acabei de testemunhar. Eu não estava envolvido! Não se preocupe!"

Neste exemplo, após o feedback do seu amigo preocupado, você modifica sua mensagem e a envia de volta para ele. 

Elemento #8: Guardiões (C)

Este elemento geralmente ocorre na comunicação de massa, e não na comunicação interpessoal. 

Guardiões são editores das mensagens que os remetentes estão tentando comunicar aos destinatários. 

Por exemplo, são editores de jornais que editam a mensagem antes que ela chegue aos leitores. 

Elemento #9: Líderes de opinião

Novamente, este elemento de comunicação refere-se a situações de comunicação de massa. 

Ou seja, os líderes de opinião têm uma influência imensa como fator ambiental (X) no remetente da mensagem (A). 

São líderes políticos, celebridades ou influenciadores das redes sociais. 

Agora que estamos familiarizados com os modelos interativos, só nos resta analisar os modelos de comunicação transacional. 

Modelos de comunicação transacional

Os modelos transacionais são os modelos de comunicação mais dinâmicos, que introduzem pela primeira vez um novo termo para remetentes e destinatários – comunicadores. 

O que é um modelo de comunicação transacional?

Os modelos de comunicação transacional veem a comunicação como uma transação, o que significa que é um processo cooperativo no qual os comunicadores co-criam o processo de comunicação, influenciando assim o seu resultado e eficácia. 

Em outras palavras, os comunicadores criam significado compartilhado em um processo dinâmico.

Além disso, os modelos transacionais mostram que não apenas trocamos informações durante as nossas interações, mas criamos relacionamentos, formamos laços interculturais e moldamos as nossas opiniões. 

Em outras palavras, a comunicação nos ajuda a estabelecer nossas realidades.

Esses modelos também introduziram as funções: 

  • Social, 
  • Relacional e 
  • Contextos culturais.

Além disso, estes modelos reconhecem que existem barreiras à comunicação eficazo ruído.

Quais são os principais elementos dos modelos de comunicação transacional? 

Se dermos uma olhada no diagrama do modelo de comunicação transacional abaixo, podemos identificar os principais componentes deste modelo de comunicação:

  • Codificação,
  • Decodificação, 
  • Comunicadores,
  • A mensagem,
  • O canal, e  
  • Ruído.  
Diagrama do modelo de comunicação transacional
Diagrama do modelo de comunicação transacional

— 

Já mencionamos os modelos transacionais de comunicação mais proeminentes e agora é hora de analisá-los a fundo.

7. O modelo transacional de comunicação de Barnlund

Este modelo explora a comunicação interpessoal com feedback imediato.

Qual é o modelo de comunicação transacional de Barnlund? 

O modelo de comunicação de Barnlund reconhece que a comunicação é um processo circular e um sistema de feedback multicamadas entre o remetente e o destinatário, sendo que ambos podem afetar a mensagem enviada. 

O remetente e o destinatário mudam de lugar e são igualmente importantes. O feedback do remetente é a resposta para o destinatário, e ambos os comunicadores fornecem feedback. 

Ao mesmo tempo, tanto o remetente como o destinatário são responsáveis pelo efeito e eficácia da comunicação. 

Quais são os principais elementos do modelo de comunicação de Barnlund? 

O diagrama do modelo de comunicação transacional de Barnlund abaixo ilustra os seguintes componentes principais deste modelo de comunicação:

  • Codificação,
  • Decodificação, 
  • Comunicadores,
  • A mensagem (incluindo as “dicas”, o ambiente e o ruído)
  • O canal.
Diagrama do modelo de comunicação de Barnlund
Diagrama do modelo de comunicação de Barnlund

Este modelo acentua o papel das pistas sociais no impacto das nossas mensagens. 

Então, Barnlund diferencia entre:

  • Dicas públicas (sugestões ambientais),
  • Dicas privadas (pensamentos e antecedentes pessoais da pessoa) e
  • Dicas comportamentais (comportamento da pessoa, que pode ser verbal e não verbal). 

Todas essas dicas, assim como o ambiente e o ruído, fazem parte da mensagem. A reação de cada comunicador depende de sua formação, experiências, atitudes e crenças. 

Exemplo de modelo de comunicação transacional de Barnlund

Exemplos do modelo de comunicação de Barnlund incluem:

Vamos ilustrar esse modelo com um exemplo do aplicativo de mensagens empresariais Pumble

Um exemplo que mostra um mal-entendido devido às diferenças culturais na celebração de determinados feriados (aplicativo de mensagens comerciais Pumble)
Um exemplo que mostra um mal-entendido devido às diferenças culturais na celebração de determinados feriados (aplicativo de mensagens comerciais Pumble)

Por que houve um mal-entendido nesta conversa, embora tudo parecesse bem à primeira vista? 

Esse mal-entendido surgiu devido a sugestões culturais. 

Ou seja, Catherine tinha pensado que Irene queria um dia de folga no dia 4 de julho. 

Porém, Irene vem do Canadá e comemora o Dia da Independência em 1º de julho. 

Nesse dia, ela não apareceu no trabalho para espanto de Catherine, pois esperava que Irene tirasse um dia de folga no dia 4 de julho, no Dia da Independência dos EUA. 

Então, por questões culturais, houve um mal-entendido entre elas. 

Ainda assim, esse mal-entendido poderia ter sido facilmente evitado se elas tivessem esclarecido as datas, fornecendo feedback uma a outra. 

8. Modelo de comunicação helicoidal de Dence  

De acordo com o modelo helicoidal de Dence, a cada ciclo de comunicação expandimos nosso círculo. 

Portanto, cada encontro comunicativo é diferente do anterior porque a comunicação nunca se repete. 

Qual é o modelo de comunicação helicoidal de Dence? 

O modelo de comunicação helicoidal de Dence vê a comunicação como um processo circular que se torna cada vez mais complexo à medida que a comunicação avança. 

É por isso que é representado por uma espiral helicoidal no diagrama do modelo de comunicação helicoidal de Dence abaixo. 

Diagrama do modelo de comunicação helicoidal de Dence
Diagrama do modelo de comunicação helicoidal de Dence

Em seu livro Communication: Principles for a Lifetime, Steven A. Beebe, Susan J. Beebe, e Diana K. Ivy afirmam: 

“A comunicação interpessoal é irreversível. Tal como a espiral mostrada aqui, a comunicação nunca volta a si mesma. Uma vez iniciada, ela se expande infinitamente à medida que os parceiros de comunicação contribuem com seus pensamentos e experiências para o intercâmbio.”

Steven A. Beebe, Susan J. Beebe, Diana K. Ivy

De acordo com este modelo de comunicação, no processo de comunicação, o feedback que recebemos da outra parte envolvida influencia a nossa próxima declaração e ficamos mais informados a cada novo ciclo. 

Exemplo do modelo de comunicação helicoidal de Dance  

O próprio Dance explicou seu modelo com o exemplo de uma pessoa que aprende ao longo da vida. 

Ou seja, uma pessoa começa a se comunicar com o seu entorno muito cedo, utilizando métodos rudimentares de comunicação. 

Por exemplo, quando bebês, choramos para chamar a atenção de nossas mães. Mais tarde, aprendemos a falar com palavras simples e depois, em frases completas.

Durante todo o processo, construímos o que sabemos para melhorar a nossa comunicação. 

Cada ato de comunicação é, portanto, uma oportunidade para aprendermos como nos comunicarmos de forma mais eficaz no futuro, e o feedback ajuda-nos a alcançar esse resultado. 

De certa forma, toda a nossa vida é uma jornada comunicacional rumo ao topo da hélice de Dence.

Conclusão: Os modelos de comunicação ajudam-nos a resolver os nossos problemas de comunicação no local de trabalho

A comunicação na vida real pode ser demasiado complexa para ser verdadeiramente representada por modelos de comunicação. 

No entanto, os modelos de comunicação ainda podem ajudar-nos a examinar as etapas do processo de comunicação, para que possamos compreender melhor como nos comunicamos tanto no local de trabalho como fora dele.

Vamos resumir as principais conclusões deste guia.

Neste guia abordamos os modelos de comunicação mais importantes, divididos em 3 categorias:

  • Modelos lineares — Usados principalmente em marketing, vendas e relações públicas, na comunicação com os clientes, esses modelos veem a comunicação como um processo unidirecional.
  • Modelos interativos — Utilizados na comunicação mediada e baseada na Internet, referem-se à comunicação bidirecional com feedback indireto.
  • Modelos transacionais — Os modelos de comunicação mais complexos, que melhor refletem o processo de comunicação.

Embora nenhum desses modelos represente 100% a nossa comunicação, eles podem nos ajudar a detectar e resolver possíveis problemas e melhorar nossas habilidades de comunicação.

Referências:

  • Beebe, S. A., Beebe, S. J., & Ivy, D. K. (2022). Communication: Principles for a lifetime. Pearson Education Limited. 
  • Berlo, David K. (1960). The Process of Communication. Harcourt School. 
  • Encyclopædia Britannica, inc. (s.d.). Models of communication. Encyclopædia Britannica. Obtido em 7 de setembro de 2023, em https://www.britannica.com/topic/communication/Models-of-communication
  • Fiske, J. (2011). Introduction to communication studies. Routledge.
  • Hartley, J. (2020). Communication, cultural and Media Studies: The key concepts. Routledge.
  • Iyer, N., Veenstra, A. S., & Sapienza, Z. (2015, janeiro 1). Reading Lasswell’s model of communication backward: Three scholarly misconceptions. Mass Communication and Society. Obtido em 7 de setembro de 2023, em https://www.academia.edu/13182400/Reading_Lasswells_Model_of_Communication_Backward_Three_Scholarly_Misconceptions
  • Jones, R. G. (2018). Communication in the real world. Flat World Knowledge.
  • Learning, L. (s.d.). Principles of public speaking. Principles of Public Speaking | Simple Book Production. Obtido em 7 de setembro de 2023, em https://courses.lumenlearning.com/publicspeakingprinciples/
  • McQuail, D. (2012). McQuail’s mass communication theory. SAGE.
  • McQuail, D., & Windahl, S. (2016). Communication models: For the study of Mass Communications. Routledge.
  • MSG Management  Study  Guide. Communication Models – Aristotle, Berlos, Shannon and Weaver, Schramms. (s.d.). Obtido em 7 de setembro de 2023, em https://www.managementstudyguide.com/communication-models.htm
  • Pierce, T., & Corey, A. M. (2009). The evolution of human communication: From theory to practice. EtrePress.
  • Schramm, W. (1955). Information theory and mass … – journals.sagepub.com. SAGE Journals. Obtido em 7 de setembro de 2023, em https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/107769905503200201 

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